Chalé de Melinoe

Todos no acampamento me olhavam de cara torta. Ninguém havia gostado de mim, sendo que nunca nem haviam falado comigo. Tudo bem, fui horrivelmente chata com Rapha e a namorada, mas não precisava o acampamento inteiro se virar contra mim. Tudo bem, não importava. Podia muito bem conviver com a solidão.
Era noite, minhas pernas doiam e eu queria dormir um pouco. Me encaminhei até o chalé de minha mãe, que ficava próximo a um cemitério e a floresta. Era obscuro e a névoa tornava difícil decifrar a casa. Não havia nenhum tipo de luz, e se não fosse meu poder de visão noturna, eu nunca teria chegado ao hall de entrada do chalé. Foi estranha a recepção pelos fantasmas. Vários, e das mais diversas aparências, vieram me receber. Estavam sendo legais, pois deveriam saber que eu era, até então, a unica filha de Melinoe. Poderia acabar com a solidão? Conversando e interagindo com fantasmas, claro.
Tudo parecia virar-se e olhar pra mim, mas pareciam felizes com minha chegada.
- Creio que vocês serão meus unicos amigos, meninos.
Eles sorriram, e pude me sentir mais feliz.
Apesar de mias limpa e organizada, o ambiente interno ainda lembrava uma prisão. Mas estava tudo perfeitamente confortável e harmonioso. Os barulhos tornavam aquele lugar mais, digamos, maligno. Foi perfeito, até demais.
Ao chegar na cama, um bilhete me chamou a atenção.
- Que fofa.
Atirei-me sobre a cama, relaxando o corpo. Os fantasminhas que vieram me receber, sentaram-se por perto, e me olhavam, alguns sorridentes, outros curiosos. Minha nova família.
- Vou passear. Quem vem comigo?
Saio dali.


~TURNO ENCERRADO~